O papel e os benefícios da leucina na suplementação

Nos últimos anos, tem sido estudado e discutido o forte potencial ergogênico de alguns aminoácidos essenciais na modulação da massa muscular esquelética. Dentre estes, o aminoácido “leucina”, tem recebido grande atenção por conta do seu papel anabólico e anti-catabólico. Juntamente com a isoleucina e com a valina, a leucina é um dos aminoácidos essenciais (precisa ser ingerido via dieta) que compõe a classe intitulada “aminoácidos de cadeia ramificada”, popularmente conhecidos como BCAAs (1). Embora os três aminoácidos tenham grande importância, tem sido demonstrado que a leucina é o que apresentar maior ação sobre o tecido muscular (2).

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O papel diferenciado da leucina sobre o tecido muscular se dá devido ao seu papel sinalizador, que pode ocorrer tanto de modo a estimular a síntese como também atenuar a degradação proteica muscular. Contudo, vale lembrar que estas ações da leucina são específicas, ou seja, depende da condição fisiológica em que o indivíduo se encontra. Em situações de anabolismo (por exemplo, após o treinamento de força), o papel da leucina é sinalizar para o ganho de massa muscular. Já em situações catabólicas (por exemplo, desuso da musculatura), o aminoácido atua sobre a degradação proteica (3).

Considerando que o tecido muscular não faz estoque de leucina, a quantidade ideal de consumo é baseada por meio da concentração sanguínea. Desta forma, tem sido demonstrado em humanos que elevar a concentração sanguínea em cerca de 2,5-3,0 vezes em relação ao valor de repouso pode promover os efeitos máximos sobre o tecido muscular. Este incremento é atingido facilmente com o consumo de 2,5-3,0 g de leucina (4-6). Sendo a leucina um aminoácido sinalizador, é importante lembrar que este aminoácido deve ser parte de um contexto proteico. Ou seja, os mecanismos celulares de ganho de massa muscular podem ser ativados com a leucina, porém, é primordial a ingestão dos demais aminoácidos essenciais para que a construção de proteínas musculares ocorra de modo efetivo. Portanto, esta quantidade de leucina deve ser ingerida preferencialmente dentro de um contexto proteico. Vale ainda ressaltar que outros fatores também podem influenciar a efetividade da ação da leucina sobre o músculo esquelético e, dentre estes, o consumo proteico diário parece ser o principal fator limitante. Sendo o leite a principal fonte dietética de leucina (7-9), aparentemente, quanto maior a ingestão proteica diária (incluindo leite), consequentemente maior é o consumo de leucina, o que pode diminuir sua efetividade.

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Portanto, embora a leucina seja um potencial sinalizador celular para o ganho de massa muscular em situações anabólicas e possa atenuar a perda de massa muscular em situações catabólicas, é importante estar atento também a fatores extra suplementação. Dentre estes, o consumo proteico diário é o principal fator nutricional limitante. Assim, é fundamental o acompanhamento do profissional nutricionista para avaliação prévia a fim de verificar se a suplementação é ou não necessária e se será ou não efetiva. Ainda, quando necessária, a suplementação deve ser acompanhada da ingestão dos demais aminoácidos essenciais e sempre em associação ao exercício. Uma vez que a suplementação pode favorecer as adaptações induzidas pelo treinamento, a primeira preocupação deve ser realizar o treinamento de modo correto e supervisionado, pois uma vez que o exercício é realizado de modo a não gerar as suas adaptações, não há o que ser otimizado pela suplementação.

 

Referências Bibliográficas

1.Harper AE, Miller RH, Block KP. Branched-chain amino acid metabolism. Annual review of nutrition. 1984;4:409-54. Epub 1984/01/01.

2.Nicastro H, Artioli GG, Costa Ados S, Solis MY, da Luz CR, Blachier F, et al. An overview of the therapeutic effects of leucine supplementation on skeletal muscle under atrophic conditions. Amino acids. 2011;40(2):287-300. Epub 2010/06/02.

3.Zanchi NE, Nicastro H, Lancha AH, Jr. Potential antiproteolytic effects of L-leucine: observations of in vitro and in vivo studies. Nutrition & metabolism. 2008;5:20. Epub 2008/07/19.

4.Burd NA, Yang Y, Moore DR, Tang JE, Tarnopolsky MA, Phillips SM. Greater stimulation of myofibrillar protein synthesis with ingestion of whey protein isolate v. micellar casein at rest and after resistance exercise in elderly men. The British journal of nutrition. 2012;108(6):958-62. Epub 2012/02/01.

5.Churchward-Venne TA, Burd NA, Mitchell CJ, West DW, Philp A, Marcotte GR, et al. Supplementation of a suboptimal protein dose with leucine or essential amino acids: effects on myofibrillar protein synthesis at rest and following resistance exercise in men. The Journal of physiology. 2012;590(Pt 11):2751-65. Epub 2012/03/28.

6.Tang JE, Moore DR, Kujbida GW, Tarnopolsky MA, Phillips SM. Ingestion of whey hydrolysate, casein, or soy protein isolate: effects on mixed muscle protein synthesis at rest and following resistance exercise in young men. J Appl Physiol. 2009;107(3):987-92. Epub 2009/07/11.

7.Josse AR, Phillips SM. Impact of milk consumption and resistance training on body composition of female athletes. Medicine and sport science. 2013;59:94-103. Epub 2012/10/19.

8.Josse AR, Tang JE, Tarnopolsky MA, Phillips SM. Body composition and strength changes in women with milk and resistance exercise. Medicine and science in sports and exercise. 2010;42(6):1122-30. Epub 2009/12/10.

9.Phillips SM, Tang JE, Moore DR. The role of milk- and soy-based protein in support of muscle protein synthesis and muscle protein accretion in young and elderly persons. Journal of the American College of Nutrition. 2009;28(4):343-54. Epub 2010/04/07.

 

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